ALMEIDA GARRET

- João Baptista da Silva Leitão, mais tarde Almeida Garrett,
nasceu no Porto em 1799, e morreu em 1854, em Lisboa.
- Filho
de um funcionário da alfândega da cidade e de uma portuense, João cresce no
seio de uma família burguesa com tradição comercial e proprietária de terras em
Gaia e nas ilhas açorianas, e recebe desde criança uma sólida formação moral,
cívica, religiosa e escolar.
- Em 1809, por altura das invasões francesas, a família de Almeida Garrett parte para os Açores e refugia-se na ilha Terceira. Aí, sem esquecer a infância, Garrett, com dez anos, inicia a aprendizagem do latim, do grego, da retórica e da filosofia, sob orientação do tio paterno D. Frei Alexandre, bispo de Angra.
- O
talento precoce da criança não passa despercebido ao tio, que logo lhe imagina
um futuro promissor na carreira eclesiástica. Mas Garrett recusa e vai para
a Universidade de Coimbra para estudar
Direito, em 1816. Porém, apesar de se ter formado advogado, foi à literatura e
à política que acabou por se dedicar.
- Na literatura é tido como o introdutor do Romantismo português, movimento artístico e literário já dominante na Europa, e na política foi um adepto entusiasta do Liberalismo que, no século XIX, transforma radicalmente a sociedade portuguesa.
- Almeida
Garrett fundou os alicerces do romance moderno português, em que sobressaem as
formas populares de expressão, a criação de diálogos virtuais com o leitor, a
exaltação da liberdade e do nacionalismo e a denúncia dos problemas
sociais.
- Na intervenção política, lutou ao lado de D. Pedro contra os absolutistas e ocupou depois vários cargos políticos. Foi deputado, ministro e diplomata e agitou o parlamento com discursos sobre a liberdade de imprensa, tendo colaborado, inclusive, com vários jornais e revistas, onde divulgava as suas posições relativamente à reforma político-social e cultural do país.
- Para
a história ficaram as suas obras e a memória de um dos grandes escritores
portugueses de todos os tempos.
Principais obras
- Camões (1825)
- Dona Branca (1826)
- Adozinda (1828)
- Catão (1828)
- Romanceiro (1843)
- Cancioneiro Geral (1843)
- Frei Luis de Sousa (1844)
- ◦Flores sem Fruto (1844)
- D'o Arco de Santana (1845)
- Folhas
Caídas (1853)
Alguns dos seus poemas
- Seus
- Este inferno de amar
- Víbora
- Não te amo
- Gozo e dor
- Rosa e Lírio Anjo
- Voz e Aroma
- As Minhas Asas
- A Tempestade
- Barca Bela
- Os cinco sentidos
Este Inferno de Amar
Almeida Garret, in "Folhas Caídas"
Este
inferno de amar - como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?
Só me
lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...
No caso de necessitar de mais informação, encontra-se aqui o trabalho anexado.